Estresse crônico é estopim para transtornos e pode atrofiar estruturas cerebrais
Entrevista - Na mídia
Matéria na Folha de São Paulo
Ninguém foge do estresse. Diariamente vivenciamos episódios como o trânsito caótico, um prazo para cumprir no trabalho ou mesmo um susto qualquer. Já o estresse crônico ocorre quando enfrentamos situações que se estendem por um longo período, como um problema financeiro de difícil solução, a doença de um familiar ou uma pressão contínua no ambiente profissional.
Essa condição de tensão constante gera impactos na nossa mente e no nosso corpo que podem causar transtornos como pânico, depressão, ansiedade, além de doenças como gastrite, síndrome do intestino irritável e dores musculares.
Quando o nosso cérebro se depara com uma situação de estresse ou de perigo, ele ativa um sistema chamado de luta e fuga. “Num primeiro momento, a amígdala, que é uma estrutura cerebral, será acionada e vai dar início à ativação do sistema simpático e à liberação de uma série de sinais químicos, como a noradrenalina e a adrenalina. Essas substâncias vão nos colocar em alerta e preparar o nosso corpo para enfrentar a ameaça”, explica o neurocientista Andrei Mayer.
“Se essa situação de perigo se estender por mais tempo, teremos a liberação do famoso cortisol, o hormônio do estresse”, diz Mayer.
O cortisol participa da regulação de funções orgânicas complexas, como a diminuição dos níveis de insulina, o aumento da energia disponível na forma de glicose e a importante ação anti-inflamatória durante um período de maior exigência nos órgãos do corpo. Essas substâncias permitem, por exemplo, que o cérebro se ajuste a situações desafiadoras, mantendo a pessoa atenta, motivada e pronta para evitar o perigo.
“O problema ocorre quando essa reação fisiológica é mantida por longos períodos. Algumas pessoas têm genes mais suscetíveis ao estresse crônico, podendo ocorrer impactos negativos sobre a memória, a cognição, o controle da ansiedade e o humor nestes indivíduos”, destaca o psiquiatra Bruno Machado.
O médico conta que quadros clínicos como depressão e transtornos de ansiedade estão diretamente relacionados à ação prolongada dos mecanismos biológicos do estresse. “Áreas cerebrais como córtex, hipotálamo, amígdala e hipocampo possuem normalmente receptores de cortisol e também participam do controle da liberação deste corticosteroide. Porém, quando submetidas ao hormônio por longos períodos, essas áreas do sistema nervoso são funcionalmente prejudicadas. Existem estudos de neuroimagem que demonstram até mesmo atrofia dessas estruturas cerebrais.”
Como consequência, afirma Machado, ocorre o prejuízo sobre o aprendizado e a memória, além de uma piora cognitiva, que por sua vez contribui para cronificação da ansiedade antecipatória, levando a um ciclo vicioso que perpetua o próprio estresse. Nesse cenário, ocorre risco aumentado de transtornos mentais como depressão, síndrome do pânico e transtorno de ansiedade generalizada…
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