Falta de concentração e alterações no apetite e no sono são sintomas de depressão
Entrevista - Na mídia
Entrevista de Dr Bruno Machado para Folha de São Paulo
A depressão é um transtorno psiquiátrico crônico que acomete mais de 300 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil, segundo a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), mais de 16 milhões convivem com a doença.
Ao contrário de um sentimento de tristeza comum, a depressão gera sintomas como falta de energia e de concentração e afeta padrões de sono e de alimentação, explica Bruno Machado, psiquiatra e especialista em técnicas de mindfulness.
Leia a seguir a entrevista com o especialista.
O que caracteriza a depressão?
A depressão é um transtorno mental composto por ao menos cinco sintomas. Dentre os quais, necessariamente, deve ocorrer redução do interesse pelas atividades cotidianas ou ainda o prejuízo do humor do indivíduo. O que, em geral, é percebido pela ocorrência de tristeza na maior parte do dia.
Além disso, indisposição, perda de concentração, insônia, sonolência diurna, perda de peso, ganho de peso, agitação, lentificação psicomotora, entre outros, podem em conjunto compor apresentações variáveis deste quadro clínico.
É importante ressaltar que o diagnóstico é definido somente por estes sintomas, não sendo critérios diagnósticos os desencadeantes, fatores de risco ou mesmo os exames laboratoriais.
Existe uma causa genética para a depressão? Ou se pessoas da mesma família têm o transtorno, pode ser também causado por uma questão comportamental deste núcleo familiar?
Hoje sabemos que a genética desempenha um papel relevante no risco do indivíduo desenvolver depressão, mas não pode ser considerada uma única causa.
Um curioso exemplo disto é que uma pessoa que tenha um irmão gêmeo idêntico com depressão, portanto com os mesmos genes, por vezes não apresentará os sintomas ao longo de sua vida.
As chances de ter depressão quando existem casos na família aumentam. Mas, na realidade, é a interação destes genes com as experiências do indivíduo que será determinante para o desenvolvimento do quadro.
Existe uma resposta na ciência que explique por que algumas pessoas enfrentam situações muito difíceis na vida, como pobreza extrema e traumas, sem cair em um quadro grave de depressão, enquanto outras apresentam o transtorno sem motivos específicos aparentes?
Existem os fatores de proteção que reduzem a possibilidade de uma pessoa com experiências dolorosas desenvolver depressão.
Pessoas que têm um hábito de sono mais saudável, que têm como traço de personalidade uma visão de mundo mais otimista, que não sejam solitárias e que trabalhem com atividades menos propensas ao sedentarismo terão uma proteção biológica contra o transtorno depressivo.
É surpreendente, mas postos de trabalho, mesmo com ótima remuneração, que venham a favorecer o sedentarismo, uma alimentação pouco saudável, exposição à luz de telas à noite e pouca exposição solar de dia podem facilitar a ocorrência de depressão.
Por vezes, trabalhos mal remunerados e considerados mais pesados, mas que exijam que o indivíduo caminhe mais, que tenha mais contato com o sol, que conviva com um grupo saudável, pode ter um papel de proteção, isto é, contrabalanceando os fatores de risco aos quais supomos que esteja mais exposto…
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