Pesquisa americana mostra que sensação de bem-estar diminui chances de ataque cardíaco
Viver bem - extra
São Paulo, julho de 2013 – Uma pesquisa recente, divulgada na edição deste mês do American Journal of Cardiology, destacou os benefícios da sensação de bem-estar geral para a saúde do coração. O levantamento foi conduzido pela Professora Assistente da Johns Hopkins Schoolof Medicine, da Divisão General Internacional Medicine, Lisa R. Yanek. Em um comunicado, a médica disse que se sentir enérgico, alegre, descontraído e feliz com a vida pode torná-lo mais saudável porque esses sentimentos têm um efeito benéfico sobre a doença coronariana.
“Estudos anteriores sugeriram que pessoas com tendência à depressão e ansiedade têm um risco maior de ataques cardíacos e são mais propensas a morrer em decorrência de problemas relacionados com o coração do que pessoas mais extrovertidas”, acrescenta o Psiquiatra doIPQ/HCFMUSP e do Hospital Universitário da USP, Marco Antônio Abud Torquato Junior.
Este último estudo não é o primeiro a vincular a saúde do coração com emoções positivas. Em 2012, uma grande revisão sistemática de estudos publicados concluiu que o otimismo, a felicidade e outras emoções positivas podem ajudar a proteger a saúde do coração e reduzir o risco de ataques cardíacos, derrames e outros eventos cardiovasculares.
Os pesquisadores americanos acreditam que suas descobertas podem ir mais longe,uma vez que eles estudaram um grupo já considerado de alto risco para eventos coronarianos. Os resultados mostraram que aqueles com níveis mais elevados debem-estar, continuaram a ter fatores de risco para doenças do coração, mas experimentam menos eventos cardíacos graves.
E,embora os mecanismos que ligam felicidade à saúde do coração permanecemobscuros, os pesquisadores dizem que suas descobertas colocaram “luz” sobre asconexões mente-corpo que, se explorada, trará pistas importantes sobre o que osmecanismos possam ser.
Para o estudo, foram utilizados dados de um projeto do Johns Hopkins que já se arrasta há mais de 25 anos. O projeto, que é patrocinado pelo National Institutes of Health, é chamado Gene STAR (estudo genético de risco de arteriosclerose) e tem como objetivo descobrir as raízes da doença cardíaca em pessoas com histórico familiar de doença coronariana.
Os pesquisadores analisaram variações entre 1.483 irmãos e irmãs saudáveis de pessoas que foram diagnosticadas com doença coronariana antes dos 60 anos e que foram seguidos durante o período de 5 a 25 anos. Irmãos de pessoas que desenvolveram a doença arterial coronariana precocemente têm o dobro do risco de desenvolver em si próprios.
Os participantes também completaram pesquisas que incluíam medidas de bem-estar.Esses fatores foram levados em conta, tais como humor, preocupação com a saúde,relaxamento, ansiedade, disposição, satisfação com a vida e os níveis de energia. A média de acompanhamento foi de 12 anos durante os quais os pesquisadores contaram 208 ataques cardíacos, morte súbita cardíaca, síndromes coronárias agudas e eventos cirúrgicos, como stents entre os participantes.
Quando os pesquisadores americanos analisaram os eventos relacionados ao coração comas medidas de bem-estar, eles descobriram que o bem-estar foi associado à redução de um terço em eventos coronarianos. Entre os participantes considerados de maior risco de ataques cardíacos, esse potencial foi reduzido em 50% quando ligado ao bem-estar.
Os pesquisadores também validaram suas conclusões olhando para os dados sobre cerca de 6.000 pessoas da população em geral, que participaram do primeiro National Health and Nutrition Examination Survey, que foram seguidas em média durante 16 anos. Eles descobriram que os participantes com uma disposição alegre tiveram risco 13% menor de ataque cardíaco ou outro evento coronariano,independentemente de raça ou sexo.
“A pesquisa deixaclaro que, se você é por natureza uma pessoa alegre e olha para o lado positivodas coisas, está mais protegida de eventos cardíacos. No entanto, muitosquadros nos quais o indivíduo sente-se mal humorado, triste, desesperançoso efrustrado podem, sim, ser abordados e tratados. O bem-estar psíquico e aqualidade de vida protegem o sistema cardiovascular. Abordando indivíduos queapresentam sofrimento psíquico, através de psicoterapia e, em alguns casos, comauxílio medicamentoso, podemos prevenir muitas doenças cardíacas”, resume o psiquiatra.