Estimulação Magnética Transcraniana ou Cetamina? Qual o melhor tratamento para Depressão?

Estimulação Magnética Transcraniana ou Cetamina? Qual o melhor tratamento para Depressão?

por Dr Bruno Machado, Médico Psiquiatra pela USP
Dr Bruno Estimulação Magnética
Dr Bruno fala sobre Cetamina versus EMT

 

Muitos pacientes me perguntam sobre a comparação da Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) com a cetamina no tratamento da Depressão. Qual seria a melhor opção?

A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e a Cetamina são tratamentos bastante diferenciados em relação aos antidepressivos tradicionais, podendo trazer benefícios para pacientes que não toleraram o uso ou não obtiveram resposta com os medicamentos orais. Isso ocorre porque estes novos tratamentos diferem em seus mecanismos de ação no sistema nervoso e porque no caso da estimulação magnética transcraniana a chance de efeitos adversos é mínima.

A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) é um procedimento não invasivo que envolve o uso de campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro, com protocolos determinados pelo médico psiquiatra para cada paciente. É usada tanto no tratamento do transtorno depressivo maior que não respondeu adequadamente a outros tratamentos ou em pacientes que não suportam os efeitos indesejados dos antidepressivos, como perda de libido, sonolência, ganho de peso, apatia, dentre outros.

Durante uma sessão de EMT, uma bobina eletromagnética é colocada em áreas cuidadosamente calculadas do couro cabeludo, para que potentes pulsos magnéticos sejam entregues na região cerebral alvo. Esses pulsos magnéticos podem ajudar a modular a atividade das células cerebrais que estão hipoativas, isto é, trabalhando menos do que o desejado. Tal modulação é responsável pelo estímulo da rápida melhora da disposição, do humor e da cognição, permitindo muitas vezes a remissão completa dos sintomas depressivos, levando à liberação de vários neurotransmissores na região estimulada e à estimulação da plasticidade sináptica, ou seja, a melhora das conexões neuronais.

A Cetamina, por outro lado, é um anestésico geral com poder dissociativo que ganhou atenção por seus efeitos antidepressivos de ação rápida. É normalmente administrado por via intravenosa ou no caso da variação conhecida como Escetamina o uso é através de spray nasal sob supervisão médica.

A cetamina, também chamada ketamina, atua no sistema de glutamato do cérebro, especificamente nos receptores NMDA. É usado principalmente para depressão resistente ao tratamento ou pacientes com ideação suicida que precisam de rápido alívio.

Ao comparar a EMT com a Cetamina, há vários fatores que precisamos levar em conta:

 

Mecanismo de ação:

EMT é um tratamento moderno e eficaz e funciona fornecendo potentes pulsos magnéticos para estimular regiões cerebrais específicas, enquanto a Cetamina é um anestésico geral inventado em 1962 e que atua no sistema de glutamato do cérebro tratando a depressão.

 

Administração:

EMT é um procedimento não invasivo de elevada segurança que envolve a colocação de uma bobina no couro cabeludo, porém para resultados adequados os parâmetros devem ser minuciosamente calculados por equipe bem qualificada, caso contrário o efeito terapêutico não ocorrerá.

Já a Cetamina é normalmente administrada por via intravenosa ou por meio de spray nasal, devendo o paciente estar sob cuidado médico em unidade de observação para monitoramento de eventuais complicações.

Vemos então que na EMT o trabalho da equipe médica é de oferecer um tratamento minucioso para que o paciente obtenha máxima eficácia. Já no caso da Cetamina o suporte para evitar complicações é o ponto crítico, uma vez que é utilizado um potente anestésico geral, com risco maior de efeitos colaterais.

 

Duração do tratamento:

Ambos são feitos em sessões que duram algumas semanas. No caso da EMT cada sessão dura apenas cerca de 25 a 30 minutos e após a aplicação o paciente pode seguir suas atividades diárias normalmente, inclusive dirigir imediatamente após sair da clínica, uma vez que não são requeridos anestésicos ou medicamentos. O tratamento com cetamina por outro lado requer um maior período de descanso e recuperação após a aplicação.

 

Indicações:

EMT é usado principalmente para depressão maior, seja resistente ao tratamento ou mesmo quadros mais leves, enquanto a cetamina é frequentemente prescrita para depressão resistente e para pacientes com elevado risco de suicídio. A EMT e a Cetamina podem também ser utilizadas na Depressão Bipolar com eficácia.

 

Efeitos colaterais:

EMT é considerado o mais seguro e bem tolerado tratamento conhecido para Depressão, com efeitos colaterais mínimos, como desconforto no couro cabeludo ou leve desconforto na cabeça.

A cetamina, por outro lado, pode causar efeitos colaterais de curto prazo, como dissociação, náusea, vômitos e alterações na pressão arterial. Também apresenta riscos potenciais, principalmente quando usado em doses mais altas ou sem supervisão médica adequada.

O risco de dependência química também não pode ser descartado na Cetamina. A EMT por outro lado vem despontando no meio científico como um dos tratamentos de maior esperança para tratar pacientes dependentes de substâncias, fazendo com que estes muitas vezes consigam optar por não usar medicamentos ou drogas de abuso.

 

Conclusão:

É importante observar que os resultados da EMT e da Cetamina, embora tendam a ser muito robustos, podem variar dependendo do indivíduo e da condição específica a ser tratada. Por isso idealmente é necessário avaliar cuidadosamente com um médico psiquiatra que tenha conhecimento aprofundado sobre o tema, para assim determinar qual a melhor opção. No caso da EMT a avaliação deve ser minuciosa para que seja calculado o melhor protocolo de acordo com a necessidade de cada indivíduo.

 

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